Pessoa escrevendo perfil em papel

O que devo incluir no meu perfil freelancer?

Quando você é a cara do negócio e, de certa forma, também o próprio produto, a maneira como você se apresenta para os clientes torna-se mais que importante.

Ela vai determinar o grau de confiabilidade que seus clientes potenciais terão em você e, consequentemente, em seu serviço.

Isso torna-se ainda mais vital ao atender clientes estrangeiros, que não terão nenhum conhecimento prévio sobre você. Nem poderão checar suas referências com a mesma facilidade que fariam se estivessem no Brasil.

O instrumento que você vai usar para se apresentar é o perfil freelancer. Este lembra um currículo – aliás, você vai precisar do seu durante essa tarefa -, mas com uma linguagem e estrutura diferente.

Vamos ver a seguir como você deve criar o seu perfil freelancer de maneira profissional e vendedora. O conteúdo de seu perfil profissional vai variar de acordo com onde ele será publicado. Mas, de um modo geral, você irá encontrar os seguintes itens:

Seu Nome

Seu nome é o que é, não há como mudar. Mas você pode escolher que parte de seu nome irá constar no seu perfil freelancer.

A maioria de nós, brasileiros, tem um nome e dois sobrenomes, pelo menos. Mas, ao criar o seu perfil, não use os dois sobrenomes. Escolha um, como é comum em outros países. Assim, será muito mais fácil para eles lembrarem o seu nome. Da mesma forma, se seu nome for composto (por exemplo, Maria Clara ou João Carlos), escolha aquele que soa melhor com o sobrenome.

Se você for flexível quanto a isso, prefira o nome e sobrenome mais fácil para um estrangeiro pronunciar e escrever. E quanto mais curto, melhor. Você também pode usar um apelido. Eu, por exemplo, troquei o “Luciana” por “Lucy”.

Muitos freelancers preferem usar um pseudônimo. Isso é uma opção que você pode considerar, mas que pode ser não possível em certas plataformas de jobs para freelancers – estes podem exigir que você use seu nome real, como forma de prevenir fraudes.

O mais importante é que você sinta à vontade com o seu nome profissional. Afinal, é você quem vai vê-lo escrito e dito com mais frequência. E sempre use o seu nome real na hora de assinar documentos e receber pagamentos. Do contrário, você poderá ter problemas legais.

Sua Foto

Um dos itens que geram mais dúvida na hora de criar um perfil profissional não é texto. É a foto que vai no perfil. Muita gente perde horas pensando que foto escolher – ou como tirá-la se não tiver alguma adequada.

E essa preocupação tem fundamento. A foto do seu perfil freelancer deve ser levada a sério. Somos criaturas visuais e, infelizmente, a aparência ainda é levada em conta ainda que de forma subjetiva.

Como você vai lidar com clientes estrangeiros, a foto é ainda mais importante, por ser a primeira e, talvez única, forma de reconhecimento facial entre você e seu cliente.

Se você está sem saber que foto usar, leve em consideração o seguinte:

1 – A foto deve mostrar você em uma postura profissional

Como o seu cliente não vai lhe ver pessoalmente para decidir se deve lhe contratar, é importante que a foto do perfil mostre você como se estivesse em um ambiente de trabalho.

Roupas, maquiagem e postura devem ser alinhadas com a sua área – ou seja, vista-se da mesma forma que faria para uma reunião de negócios. Evite cores brilhantes, pois estas podem criar uma sensação desagradável na tela.

Terno completo faz sentido se é assim que as pessoas se vestem para trabalhar na sua profissão. Se você trabalha na área de artes ou TI, por exemplo, algo menos convencional pode ser bem aceito.

Mas lembre de manter-se autêntico. É fácil perceber quando alguém quer parecer “descolado” sem ser. A sua foto deve ser uma forma de apresentar ao mundo o profissional que você é, não a imitação de outra pessoa.

2 – Peça a ajuda a um fotógrafo

O ideal é fazer essa foto com um fotógrafo profissional, em um estúdio. Ele vai saber o ângulo certo, usar a luz que mais lhe favorece e ajudar você a relaxar em frente à câmera. Diga a ele que a foto é para o LinkedIn, a rede social de profissionais, e ele saberá o que fazer.

Mas, se o orçamento não permitir essa contratação, peça a alguém para tirar a foto para você. Nesse caso, considere o seguinte:

  • Tire muitas fotos, para poder escolher a melhor.
  • Use uma parede vazia como fundo (assim fica mais fácil fazer ajustes depois).
  • Prefira a luz natural, mas faça alguns testes até encontrar o melhor ângulo e combinação entre luz e sombra.
  • Mude a posição da sua cabeça em cada foto para ver qual fica melhor.

Acima de tudo, não faça selfie. Esse estilo de foto nunca parece profissional e pode distorcer a sua aparência.

3 – Evite Acessórios

Como essas fotos costumam mostrar apenas o rosto e um pouco da parte superior do corpo, acessórios só vão ocupar espaço e poluir a foto.

Use brincos e colar pequenos (se usar algum) e evite acessórios de cabelo, a menos que tenham uma ligação forte com o seu estilo. O mesmo serve para maquiagem: fique longe de algo faça você parecer que você vai para uma festa após a sessão de fotos.

Óculos de grau são permitidos, mas tome cuidado com o reflexo causado pelo flash da câmera.

4 – Expressão facial amigável e confiante

Pode ser difícil relaxar na hora de tirar fotos, e isso leva a imagens com rostos tensos ou envergonhados.

Para minimizar esse efeito, tente imaginar que o seu cliente ideal está em frente a você. Sorria para ele ou ela de forma confiante e “fale com seus olhos” – ou seja, olhe atentamente, como se estivesse mais que interessado no que ele ou ela está dizendo.

Treine no espelho antes de tirar as fotos se quiser testar algumas expressões. Mas o importante é agir naturalmente e bater o maior número possível de fotos.

Tagline

Abaixo de seu nome, você pode encontrar um espaço para escrever uma tagline – uma frase ou palavras soltas que definam você e seu serviço. Essa é mais que um título profissional: é mais uma ferramenta de marketing que você irá usar para convencer seu cliente de que você é o melhor freelancer do mercado.

Não subestime o grau de dificuldade que você pode ter diante dessa tarefa. Resumir o seu serviço e diferencial em apenas algumas palavras pode ser um desafio grande. Mas também não fique parado nisso por dias sem fim. Crie algo simples de início e vá aprimorando com o tempo.

Escreva algumas opções no papel e veja o que lhe parece mais chamativo sem ser um grito de “olhe para mim”. E fique atento a algumas dicas:

  • Excesso de criatividade pode confundir o seu cliente. Então, prefira algo básico, que explique em uma linha que você faz.
  • A tagline pode ser usada pela ferramenta de busca do site para ajudar o cliente a encontrar o serviço desejado. Por isso, é importante que as palavras usadas remetam ao que você faz.
  • Evite siglas se houver uma chance do seu cliente não as entender. Por exemplo, se você traduz textos do inglês para o português, escreva “Tradutor Inglês- Português do Brasil em vez de “Tradutor EN-BRPT”. O mesmo vale para jargões.
  • Evite coisas do tipo “Super-herói das traduções”. Pode parecer divertido e, com certeza, vai chamar a atenção. Só que nem todos os seus clientes vão achar isso profissional. Use esse tipo de tagline apenas se tiver certeza absoluta que o cliente vai ser atraído positivamente por ele.

Sumário do Serviço

Logo abaixo do seu nome e foto vai aparecer a descrição de seu serviço (summary): o que você faz, como faz e o que há de especial nele – ou seja, você também vai falar de seus diferenciais profissionais. Por que alguém deve contratar você e não outra pessoa, talvez até com custo mais barato?

O desafio aqui, além de decidir o que dizer, é o formato:

  • Evite escrever muito, pois textos longos exigem tempo e paciência – algo que muita gente não tem hoje em dia. Pense em 2-3 parágrafos curtos.
  • Se precisar escrever mais, crie listas numeradas, use letras maiúsculas, negrito ou itálico para separar tópicos, dependendo das ferramentas de edição oferecidas.
  • Mantenha um tom profissional e foque nos resultados que o seu serviço oferece ao seu cliente.
  • Deixe o “Eu” de lado. Fale com o cliente sobre o seu serviço, como poderá ajudá-lo e não sobre o quão maravilhoso você é.

Habilidades & Competências

Você pode se deparar com uma seção pedindo para você enumerar suas habilidades e competências (skills). Geralmente, há uma lista para você selecionar as que mais se adequam ao seu caso.

Em geral, essas habilidades são nomes de softwares ou atividades ligadas à sua área. Marque todas que forem corretas. As opções são armazenadas pelo mecanismo de busca da rede social ou plataforma, e o cliente vai selecionar entre elas para encontrar o freelancer de que precisa. Como é difícil prever o que ele vai querer escolher, o ideal é estar presente no maior número de opções.

Apenas garanta que todas as opções marcadas estejam ligadas entre si. Mesmo que você seja tradutor e web designer, o ideal é incluir habilidades relacionadas a apenas uma delas (o serviço que você está vendendo naquele perfil).

Além disso, no LinkedIn, outras pessoas em sua lista de contatos podem endorsar as suas habilidades, confirmando que você as domina. E isso ajuda na sua credibilidade profissional. Nessa rede social, você poderá ainda escolher três habilidades para serem as mais importantes. Escolha-as com cuidado. Essas sinalizam para o mundo as coisas que você sabe fazer melhor.

No LinkedIn e em algumas plataformas de freelancers, você tem a opção de fazer testes para comprovar as suas habilidades. Essa é uma opção que você deve considerar. Faça o teste, mas só publique o resultado se as notas forem boas, é claro. Você pode sempre refazer o teste após algum tempo.

Portifólio

Outro importante instrumento de vendas que aparece em seu perfil profissional é o seu portifólio, a sua coleção de melhores trabalhos e exemplos do que você faz.

Como sempre, tudo que estará no seu portifólio precisa estar relacionados com o seu serviço. Também não precisa incluir muitos exemplos, pois seu cliente não vai ficar analisando 200 peças. Mas, lembre sempre que você vai listar apenas o seu melhor. Exemplos que você mesmo acha que não estão 100% devem ficar de fora. Melhor publicar um único ótimo exemplo (ou mesmo nenhum) do que 10 mais ou menos.

Educação

Aqui você vai listar a sua escolaridade e formação acadêmica, como o nome já diz. Inclua nessa parte somente o que for mais recente e relacionado ao serviço que você oferece.

O que você fez no ensino fundamental e médio, possivelmente, ficará de fora. Se você não fez faculdade – e mesmo se você fez -, você também pode adicionar relevantes cursos técnicos e de especialização.

Pegue o currículo mais atualizado que você tiver e avalie o que está listado. Quais cursos de sua educação formal ajudaram você diretamente a ser capaz o que oferecer o seu serviço? São estes que devem constar no seu perfil profissional.

Observe que escrevi “diretamente”. Escrevi isso porque muita coisa em sua vida contribuiu para você chegar onde está. Mas nem tudo teve uma ação direta na sua carreira. Pense nisso antes de decidir o que adicionar.

Geralmente, são solicitados nome do curso, instituição organizadora e data de início e fim. Complete todos os campos, por isso verifique as informações que não souber. Mas se a dúvida, por exemplo, for o dia da sua formatura, não tem problema. Estando o ano correto, já basta.

Caso você não tenha nada relevante para colocar nessa seção, deixe-a em branco sem medo. Poucos clientes estrangeiros importam-se com a sua educação formal a menos que ela seja uma exigência na sua área (como é para advogados, por exemplo). O que eles querem ver é comprovação de que você consegue entregar o serviço com a qualidade desejada e no prazo determinado. Não há por que mentir.

Experiência Profissional

Aqui também, o que importa é colocar a sua experiência profissional relacionada ao seu serviço. Você vai escrever o nome da empresa empregadora, data de admissão e de demissão, e cargo exercido.

Caso haja um campo disponível, acrescente as suas principais contribuições em cada emprego. Se houver muito a dizer, aqui é outro lugar para usar listas numeradas.

Não tem problema se houverem buracos na sua experiência profissional, seja porque você não mencionou alguns empregos ou porque esteve desempregado por algum tempo. Ou porque seu último emprego foi há muito tempo atrás. Todo mundo sabe que só se escreve nesses perfis o que é relevante.

Coloque a sua atual ocupação como freelancer como seu emprego atual. Isso demonstra que você considera essa sua atividade como algo sério, e não como um bico.

Mas, vamos dizer que você tenha um trabalho fixo nesse momento. Nesse caso, avalie se vale a pena colocar esse emprego atual no seu perfil de freelancer. Isso pode ser um risco, principalmente se você atende a empresas. Estas preferem profissionais dedicados integralmente à vida de freelancer, por pensarem que é mais fácil contatá-lo ou que levarão a tarefa mais a sério.

Claro, também é possível que não haja nenhuma consequência. No início, o mais provável é que você irá fechar trabalhos menores mesmo, aqueles que exigem um tempo menor de execução. Por exemplo, quando comecei, eu fazia meus trabalhos à noite ou nos finais de semana, e isso não foi um empecilho para a conquista de novos clientes.

Se você acredita que o seu cliente pode considerar seu emprego como um problema, simplesmente não o cite. Mas diga a verdade se for questionado. Mentir sempre traz dor de cabeça depois.

Recomedações

O aval de pessoas que já contrataram você vai fazer toda a diferença em seu perfil. Afinal, não será você falando o quão maravilhoso seu trabalho é. É alguém que pagou pelo seu serviço e considera-o tão bom que está disposto a recomedá-lo.

No LinkedIn, há um campo para isso. Mas a pessoa também precisa ter um perfil nessa rede social e estar em sua lista de contatos para que a recomendação seja publicada. Você vai precisar fazer uma solicitação direta pelo LinkedIn.

Você pode solicitar recomendações de qualquer cliente seu. Mesmo que já tenha passado um tempo desde que o serviço aconteceu. Você só precisa ter certeza de que a pessoa ainda se lembra de você e que a experiência foi positiva. E, caso você feche clientes de longo prazo, você pode pedir que eles escrevam recomendações durante a execução do contrato.

Se você não tiver nenhum cliente a quem possa solicitar, busque por ex-chefes e colegas de trabalho. Mesmo professores e outros tipos de mentores podem atestar a sua qualidade profissional.

  • Em qualquer caso, converse com a pessoa antes para avaliar a disponibilidade e interesse da mesma.
  • Faça um primeiro contato por e-mail ou telefone, ou mensagem privada pelas redes sociais.
  • Ofereça contexto para que o texto final se pareça com o que você gostaria. Quem sabe, a pessoa pode usar a oportunidade para discutir o texto com você. Mas deixe-a livre para escrever o que quiser.
  • Lembre-se de que você precisa de recomendações em inglês. Você talvez precise traduzir o texto.

Nas plataformas de jobs para freelancers, essas recomendações aparecem na forma de feedback, redigido após a conclusão do trabalho, e você não tem controle sobre o que é escrito. Mas, assim que você houver algo que valha a pena, resuma o texto (se preciso) e coloque-o no descritivo de seu serviço ou onde mais fizer sentido.

Certificados

Adicione na seção Certificados os seus diplomas que não foram listados na seção Educação – mais uma vez, somente aqueles relacionados ao seu serviço como freelancer.

Estes podem ser vindos de cursos técnicos e de aperfeiçoamento presenciais ou online. Havendo campos para isso, acrescente a instituição que garantiu o certificado, o ano em que você o obteve e a validade do mesmo (se for o caso).

Congressos e simpósios só devem ser incluídos se a sua participação foi mais que a de um ouvinte. Caso você tenha dado uma palestra ou apresentado uma pesquisa, por exemplo.

Essa seção lhe dá a oportunidade de demonstrar conhecimento aprendido fora da educação formal. Saiba que para clientes europeus, especialmente, ter passado por uma universidade nem sempre é tão importante quanto no Brasil. Seus certificados podem comprovar que você tem tanto, ou até mais, conhecimento que qualquer graduado.

Não se preocupe se não tiver nada a acrescentar aqui. Deixe em branco. Mas, se essa seção fez você perceber que devia ter tirado aquele certificado, algo que iria agregar valor ao seu serviço, faça isso assim que possível.

Voluntariado

Pode haver um campo para incluir ações de voluntariado. Esse é outro espaço que você deve usar a seu favor, caso você tenha algo relevante para adicionar. Atuar como voluntário, ainda que ocasionalmente, pode demonstrar o seu conhecimento técnico, além de pontos positivos sobre o seu caráter.

Muitos clientes verão isso com bons olhos, principalmente aqueles preocupados com causas ambientais e humanitárias. E pode ser que você tenha atuado em uma instituição reconhecida internacionalmente. É também uma oportunidade de mostrar um outro lado seu, além do profissional.

Por isso, acrescente qualquer atividade voluntária que você tenha exercido, mesmo as que não sejam diretamente ligadas à sua área de trabalho. Junto com as outras seções que você escreveu, elas irão agregar valor ao seu perfil profissional.

Devo falar de preço no meu perfil freelancer?

Você pode estar se perguntado se você deve falar sobre o preço de seus serviços em seu perfil profissional.

No LinkedIn, não acresce nada sobre custo do seu serviço. Não é o lugar para isso. Esta é uma plataforma profissional criada com o objetivo de criar e manter relacionamentos comerciais, recrutar talentos. Não é um shopping center ou marketplace.

Já nas plataformas de jobs para freelancers, pode ser possível oferecer pacotes de serviços em campos específicos. Neles, você pode falar de preços e condições à vontade.

Mas não entre nesse assunto em outros campos. Mesmo que seja permitido, isso compromete as suas chances de negociar com o cliente. E como você ainda está começando, pode não ter tanta clareza sobre quanto cobrar.

 Mesmo preços “a partir de” podem criar expectativa no cliente, deixando você em uma situação complicada se precisar pedir um valor muito mais alto.

A exceção fica para quando o seu serviço tem preço único e fechado para todo e qualquer cliente. Nesse caso, pode divulgá-lo se quiser, e deve divulgá-lo com certeza se for prática comum em sua área.